Rebuliço sentimental
Sempre dizem que é na dor que nasce uma esperança.
Por sorte, nasci cheia dela... Não é a dor que me forja, mas ela me baliza. Nunca gostei muito das novelas, portanto dramas não me chamam a atenção, gosto mesmo é das realidades de guerra, onde a razão se confronta com a emoção, onde a estratégia busca alcançar os melhores resultados. Por aí dá pra entender porque não fico alimentando relações desastrosas, nem mesmo sentimentos de conformismo ou de punição. É simples: ou agrega valor ou não agrega...
Ao longo destes quase 40 anos de idade, já vi muita coisa, inclusive muita coisa que não queria ver... Aprendi que na maioria das vezes, o que reluz não é ouro! Portanto, atrás de uma “estória”, sempre existe uma boa história, meu lado investigativo contribui e muito para essa conclusão.
Sempre quando ouvia, e ainda ouço, frases do tipo: “Ah, fulano não está falando direito comigo”, “fui demitido sem razão alguma”, “não sei porque não gostam de mim”, ou casos de família como “ela me bloqueou por causa disso ou daquilo”, quase ligo o botão DANE-SE, mas aí meus sensos intuitivo e igualmente sensitivo (dados meus resultados de análises de perfil) me fazem olhar a história por trás da grande fábula contada. É bem verdade que por vezes posso passar por alguém que não se importa, mas na verdade, me importo sim, mas com a verdade! Estou focada nas soluções, no ajudar de fato, as “estorinhas” mal contadas ou por um ângulo só, definitivamente não me representam tão pouco me interessam.
E final do ano chegando, acúmulos de stress batendo às portas, cansaço de um ano tenso, um não... quase dois pois estamos vivendo em meio a pandemia ainda, onde muitos se adaptaram e muitos ainda choram suas perdas, e tantos outros deixaram planos pra trás e se foram sem poder realiza-los, sim, histórias em meio a um caos. Então observo os comportamentos, inclusive aqueles que seriam pra afetar a minha paz, e concluo mais uma vez que o ser humano não entendeu nada ainda do que é a vida.
Não é a pandemia, não é o dia, não é a desculpa que será criada, e sim a vontade que a grande maioria não tem mais de fazer dar certo!
Caso quiséssemos criar uma cronologia dos fatos, teríamos que rastrear as origens. Sendo assim, as crianças porque nasceram na era tecnológica, os jovens porque não tem paciência para ouvir até o final, são dotados de um impulso emocional, pensam estar a frente de grandes conquistas, grandes respostas e estão mesmo, mas não as que eles pensam que estão... As pessoas de meia idade não querem cometer os erros dos pais, mas a urgência da internet chama, ocupa o tempo estudando, se atualizando, compartilhando, assistindo, acompanhando a vida de outras pessoas. E nossos velhinhos? Ah, estes se reinventando, mesmo que seja para se sentirem na companhia de alguém, e isso inclui a persona digital pois os filhos estão ocupados demais trabalhando, construindo ou criando casos de família para o ibope genealógico. Sumiram as tardes em que você poderia ver famílias no jardim, casais conversando em suas cadeiras na soleira da porta à sombra... Hoje, se quiser observar, espere anoitecer e através da luz que bate na cortina do apto de frente ao seu, você poderá ver somente a sombra do que seria um casal discutindo, jovens enfiados no celular, e crianças vivendo aleatórias à realidade que lhe circundam...
Não é a pandemia, somos nós que não queremos ter vontade de fazer dar certo!
Jaqueline Dulce Pacheco
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